domingo, 11 de janeiro de 2009

Técnicas minimalistas para composição

Na música erudita das últimas três décadas o termo minimalismo foi usado para eventualmente se referir à produção musical que reúne as seguintes características: repetição (frequentemente de pequenos trechos, com pequenas variações através de grandes períodos de tempo) ou estaticidade (na forma de tons executados durante um longo tempo); ritmos quase hipnóticos. É frequentemente associada (e inseparável) da composição na música eletrônica.

A música minimalista é um género originário dos Estados Unidos da América e que se cataloga como experimental ou downtown. Terá origens na década de 1960 e é baseada na harmonia consonante, em pulsações constantes, no estático ou nas lentas transformações, muitas vezes na reiteração das frases musicais em pequenas unidades como figuras, motivos e células. Este movimento começou como movimento underground nos espaços alternativos de San Francisco e logo se fez ouvir nos ambientes dos lofts de Nova Iorque. O minimalismo musical expandiu-se até ser o estilo mais popular da música experimental do sécuo XX. Inicialmente chegou a envolver dezenas de compositores, apesar de que só quatro deles terão alcançado relevância - Terry Riley, Steve Reich, Philip Glass, e, com menos visibilidade mas muita originalidade, La Monte Young. Na Europa os seus maiores exponentes são Louis Andriessen, Karel Goeyvaerts, Michael Nyman, Stefano Ianne, Gavin Bryars, Steve Martland, Henryk Górecki, Arvo Pärt, Wim Mertens e John Tavener.

A intenção dessa matéria é que os compositores de música popular tenham um pouco mais de informação das técnicas usadas na música minimalista. Assim evitaremos o erro comum da imprensa brasileira de chamar de minimalista qualquer música onde o silêncio e a repetiçãosejam elementos preponderantes.Na realidade essa idéia vem do fato que o compositor minimalista procura usar o minimo de recursos para compor as suas peças e não necessariamente dos elementos de silêncio ou repetição de suas obras.

As principais caracteristicas das obras Minimalistas são:

1) Estrutura formal contínua: as obras minimalistas têm longa duração, e durante seu
desenrolar não apresentam mudanças abruptas ou qualquer outro recurso de contraste
que possa caracterizar uma “troca de seção” nos termos tradicionais. A forma geral é
uma decorrência do processo que se articula de modo gradual e quase imperceptível;
assim, a forma pode ser considerada circular e contínua, sem objetivos direcionais
ou dramáticos. Um gesto característico das obras minimalistas é uma finalização
abrupta e inesperada, dando a idéia de “parada”, mais do que de fim, o que reforça a
idéia de forma circular;

2) Textura rítmica homogênea com uma cor brilhante: A “cor” da textura das obras
minimalistas tende a ser brilhante, já que a intensa atividade rítmica da superfície
sugere uma atmosfera musical de vivacidade, de um fluxo motório contínuo, que nos
remete a “cores” claras e brilhantes. A textura rítmica homogênea é elemento
característico das obras minimalistas, sendo por vezes variada gradualmente através
da adição e subtração de timbres (processo aditivo/subtrativo textural);

3) Paleta harmônica simples: as harmonias utilizadas pelas obras minimalistas
privilegiam estruturas harmônicas simples, geralmente baseadas em harmonia triádica,
com caráter fortemente modal. O ritmo harmônico das obras (quando existente) tende
a ser muito lento se comparado a qualquer outra obra da música ocidental;

4) Ausência de linhas melódicas: devido ao foco no processo rítmico e formal contínuo,
linhas melódicas expressivas, que sugerem início e fim de frases, não têm lugar na
música minimalista;

5) Repetição de padrões rítmicos: as obras minimalistas apresentam um fluxo
intermitente de figurações rítmicas que fluem do início ao fim da obra. Esses padrões
geralmente são sustentados por longos períodos de tempo, sendo eventualmente
superpostos, defasados, ou ainda gradualmente modificados.

Técnicas utilizadas na música minimalista:
Defasagem

No processo de defasagem você tem duas linhas ritmicas ou mais que podem começar em uníssono e com o passar do tempo uma das linhas começa a acelerar enquanto a outra mantém o mesmo ritmo,o efeito de desencaixe vai gerando novas sonoridades a cada vez que ocorre a defasagem...um exemplo em música popular desse recurso está na introdução de teclado de baba o riley do the who...As músicas baixo um exemplo da utilização dessa técnica por Steve Reich

piano phase


clapping music



Processo aditivo linear - nesse processo temos um padrão ritmico onde vão sendo gradualmente inseridos figuras rítmicas.Por exemplo no primeiro momento bato palmas 2 vezes, assim vou repetindo até que num segundo momento bato 3 vezes e assim vou aumentado ou dimunindo a célula rítmica.A música abaixo é um exemplo da utilização dessa técnica por Philip Glass.

two pages



Processo aditivo por bloco - podemos também chama-lo de processo de substituição de pausas por notas.Depois que tenho definido um padrão rítmico/melódico troco todo ele por pausas e aos poucos vou substituindo essas pausas por notas. Veja os exemplos abaixo nas músicas de Steve Reich.

drumming


six pianos



Processo aditivo textural – Essa técnica consiste em adicionar vozes uma a uma até que toda a textura se complete.

Superposição de padrões – Esse processo consiste em sobrepor diferentes padrões rítmicos/melódicos, geralmente com durações diferentes.

As duas técnicas citadas acima são trabalhadas nessa música de Terry Riley.

In C


Todos os créditos dessa pesquisa se devem a matéria de Dimitri Cervo , aliás recomendo para quem quer se aprofundar no assunto.http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/11/Vol11_cap_03.pdf

Um blog bem interessante para quem quer saber um pouco mais é o http://www.novominimalismo.blogspot.com/

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