sexta-feira, 3 de abril de 2009

A melodia e suas mudanças durante a História

Falar sobre a melodia é falar sobre a matemática da criação de uma escala. É óbvio que a melodia é o exercício pessoal e criativo de cada um, mas analisando friamente nada mais é do que a arte de recompor uma escala proposta.

Quando Pitágoras criou a escala cromática ele praticamente criou a música ocidental como a conhecemos. Não vou entrar em todas as questões matemáticas pra criação da escala cromática mas a idéia básica seria que através de uma determinada fração ele foi encontrando as quintas de cada nota e depois de um certo período ele obteve as doze notas conhecidas. Seria o famoso ciclo das quintas veja o exemplo abaixo:

C, G, D, A, E, B, F#, C#, Ab, Eb, Bb, F, C.

Dessa maneira ele percebeu que poderia dividir uma oitava em doze partes através de uma fração e a partir disso encontrou as doze notas como as conhecemos.

Dó, dó# ou réb, ré, ré# ou mib, mi, fá, fá# ou solb, sol, sol# ou láb, lá, lá# ou sib, si, dó

A escala proposta por Pitágoras não teve muitas alterações até a Idade Média quando começaram a tentar uma solução para o que se chamava de coma pitagórico. A maneira que Pitágoras havia determinado sua escala tinha alguns problemas depois de um determinado numero de oitavas a distância entre a nota de C e a nota sol era tão pequena que se tornava inviável para o músico.

A solução encontrada foi o que se chamou de escala temperada ao invés de se achar as notas através de fração se determinou um logaritmo que fazia que depois de doze notas a oitava sempre estaria no mesmo lugar.

Outra curiosidade até então havia uma diferença muito pequena entre os sustenidos e os bemóis, por exemplo:

A primeira nota seria o Dó, depois o Ré bemol, depois o Dó sustenido e finalmente o Ré.

Com a escala temperada determinou-se que a nota Dó sustenido e Ré bemol seriam a mesma nota.Eu estou explicando de uma maneira simplificada para não ter que entrar em todos os méritos da questão.

Com tudo isso a escala maior ficou da seguinte forma:

Dó, sobe um tom, ré, um tom, mi, meio tom, fá, um tom, sol, um tom, lá, um tom, si, meio tom, dó.

A escala menor seria a mesma escala só que começando pela sexta nota e ficaria da seguinte forma:

Lá, sobe um tom, si, meio tom, dó, um tom, ré, um tom, mi, meio tom, fá, um tom, sol, um tom, lá.

Já com Beethoven começou-se a fazer experiências modais com a escala, ou seja, formar novas melodias com os outros modos da escala que não fossem apenas a escala maior que seria o modo jônio e a escala menor que seria o modo eólio.

Com isso as possibilidades melódicas se ampliaram com os famosos modos gregos:

Jõnio do ré mi fa sol lá si dó
Dório ré mi fa sol lá si dó ré
Frigio mi fa sol lá si dó ré mi
Lídio fa sol lá si dó ré mi fá
Mixolidio sol lá si dó ré mi fá sol
Eólio lá si dó ré mi fá sol lá
Lócrio si dó ré mi fá sol lá si

um bom link para pesquisa é esse aqui

http://www.jazzbossa.com/sabatella/05.02.harmoniadaescalamaior.html

No Romantismo as diversas manifestações folclóricas trouxeram novas possibilidades melódicas, como por exemplo, a escala menor harmônica que já era bem conhecida mas começou a ser muito mais explorada.

Escala menor harmônica

lá si dó ré mi fá sol# lá

Com Debussy veio a escala de Tons inteiros que era uma escala como dizia o próprio formada apenas pela distãncia de um tom. Era uma escala formada apenas por seis notas e com apenas com duas possibilidades já que ela é sempre igual.

Do ré mi fa# sol# lá# dó

Dó# Ré # Fá Sola lá si do#


Finalmente com o advento da modernidade varias novas possibilidades melódicas começaram a ser exploradas ,como por exemplo a micro tonalidade, o dodecafonismo, as escalas exóticas, etc...

Na India a quantidade de notas por uma oitava é bem superior a do ocidente através dessa idéia Messiaen passou a explorar o que ele chamava de microtonalidade, ou seja, entre dó e dó# sustenidos existem outras notas que podem ser exploradas e que contém portanto inúmeras possibilidades melódicas que a escala pitagórica limitava.

O caminho encontrado por Schoenberg foi bem diferente ao invés de limitar o uso da escala apenas à um determinado padrão, como por exemplo é a escala maior, ele criou um processo chamado dodecafonismo onde através de regras extremamente rígidas era possível trabalhar com as doze notas da escala temperada sem que uma nota fosse a tonalidade dominante.

Simplificando tudo que foi dito o interessante da ferramenta escala é que ela não precisa ser apenas as convencionais e que podemos criar e recriar escalas ao nosso bel prazer tudo é uma questão de como desejamos que fique a nossa melodia.

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